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O Parque Ibirapuera também é um jardim botânico

por Roberto Carvalho de Magalhães
Como muitos parques urbanos ao redor do mundo, muitas vezes nascidos como jardins para recolher espécimens de plantas e árvores de várias proveniências, para o estudo e/ou deleite dos seus frequentadores, o Parque Ibirapuera, pela variedade da vegetação que abriga, também pode ser considerado um jardim botânico.

Nos 1 milhão e 584 mil metros quadrados do Parque Ibirapuera, encontram-se mais de quinhentas espécies de árvores. Isso também faz do parque um verdadeiro jardim botânico, que revela aos amantes da natureza espécies nativas e exóticas, cuidadosamente distribuídas no espaço para formar bosques, perspectivas, cheios e vazios e pontos focais, como na composição de um quadro ou de uma tapeçaria.

Eis algumas delas.

Entre as espécies nativas e exóticas do Brasil, citamos o jacarandá mimoso, os ipês roxo, amarelo, rosa e branco, o jatobá, o pau ferro. Também não faltam jabuticabeiras e araucárias. Muitos exemplares de jacarandá mimoso formam um bosque entre o lago e o Museu Afro Brasil, enquanto os ipês se encontram em vários lugares – alguns bastante antigos e com copas grandes, na área entre o Museu Afro Brasil, a Marquise e a Oca. Ambas as espécies são caracterizadas por uma floração espetacular, que dura de julho, quando florescem os ipês roxos, a outubro, momento do espetáculo oferecido pelos jacarandás.

Parque Ibirapuera, ipê roxo nas imediações da Marquise (esquerda), foto: Roberto Carvalho de Magalhães; bosque de jacarandás mimosos ao longo do lago (direita), foto: lepetitvert.blogspot.com.

Parque Ibirapuera, Bosque das Araucárias, entre o estacionamento do MAM e o Córrego do Sapateiro. Foto: Roberto Carvalho de Magalhães.

Uma árvore tão curiosa quanto exuberante, nativa da Mata Atlântica, é o ceboleiro. As suas raízes formam um verdadeiro assoalho ao redor do tronco. Um belíssimo e antigo exemplar de ceboleiro pode ser visto no viveiro Manequinho Lopes.

Parque Ibirapuera, viveiro Manequinho Lopes, ceboleiro. Foto: www.areasverdesdascidades.com.br

No rol das espécies exóticas estrangeiras, encontram-se, em grande número, os eucaliptos australianos – que são entre as árvores mais antigas do parque, pois datam de antes da sua criação, de quando o botânico Manequinho Lopes os introduziu na área para drenar o terreno alagadiço onde hoje é o Parque Ibirapuera. Os eucaliptos compõem um bosque entre os portões 9 e 14, ao longo da avenida República do Líbano. Outro bosque de eucaliptos australianos se encontra no entorno do parque, entre a avenida Pedro Álvares Cabral e o final da rua Abílio Soares, em frente à Assembleia Legislativa.

As esculturais ficus elásticas (falsas seringueiras), provenientes da Ásia tropical, encontram-se isoladas em vários locais. Depois da triste supressão, em 2016, da talvez mais monumental entre elas, a que ficava na Praça da Paz, citamos a que se encontra em frente ao palco externo do Auditório.

Parque Ibirapuera, fabulosa ficus elastica (falsa seringueira) em frente ao Auditório Oscar Niemeyer. Foto: Roberto Carvalho de Magalhães.

De grande beleza e impacto visual são, também, as figuerias bengalenses, provenientes da Índia, que se encontram nas imediações do playground.

Parque Ibirapuera, figueiras bengalenses. Foto: Emerson R. Zamprogno.

Seja que se encontrem em grupos, seja isoladas, para além do paisagismo, da sua contribuição para a qualidade do ar na região e de serem um refúgio para a fauna urbana, as árvores do Parque Ibirapuera constituem uma verdadeira galeria de espécies. Admirá-las nos caminhos internos do parque não deixa de ser como admirar obras de arte nos percursos de um grande museu.

Para saber mais:

Aprofunde-se sobre a composição da vegetação arbórea do Parque Ibirapuera neste artigo da revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana.

Assista a uma reportagem sobre as árvores do Parque Ibirapuera aqui.

Veja aqui a triste história da supressão da ficus elastica da Praça da Paz.

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